28 de mai. de 2009

Nem todo peixe é pescado

Você que está por dentro do CASO PESCA E SURF vai entender melhor esta postagem. No dia 26 de abril do ano passado, um sábado, fui sozinho atrás de um surf no litoral do Rio Grande do Sul. Um dia frio de outono. Escolhi a plataforma de Atlântida como pico para o surf do dia. O mar não estava pequeno, ondas de 1 1/2 a 2 m de altura. Correnteza lateral um pouco forte de sul. Dois ou três surfistas dentro da água. Lá fora, depois do final da plataforma. Comecei a conversar com alguns surfistas que estavam olhando o mar de cima de uma duna e achei um parceiro para entrar no mar junto. Não conhecia o cara, surfista atrás de onda como eu. Ele me aconselhou a entrar no mar umas duas guaritas de salva-vidas mais ao sul para que quando cruzássemos a plataforma já estivéssemos no fundo o suficiente para cruzar por ela. Entramos juntos no mar. Minha remada não é das melhores, a um ano atrás era ainda pior. Quem conhece este mar aqui do RS sabe da dificuldade de passar as ondas e ir para o outside em dias maiores. O cara que entrou no mar comigo se distanciou de mim um pouco e passou uma série que eu não passei... Olhei para o lado e percebi que eu não iria vencer o comprimento da plataforma, a correnteza de sul me levava para o encontro da plataforma e eu estava ficando numa zona perigosa. Um pouco a frente da plataforma mas tomando onda na cabeça. Se eu não tomasse nenhuma providência, provavelmente eu seria jogado pelas espumas contra os pilares da plataforma e aí a coisa não ficaria bem... Resolvi recuar um pouco e cruzar a plataforma por baixo, mais ou menos pelo meio dela. Sentei na prancha e esperei uma espuma para recuar. Nada de espumas... Iniciei então uma remada mais vigorosa para o raso e fui chegando na plataforma. Cruzei por baixo dela acelerando a remada a favor da correnteza. Vi um pedaço de rede presa em um dos pilares. Levantei bem os pés na idéia de distanciar ao máximo minha cordinha de algo que pudesse prendê-la ali por baixo da plataforma. Ao cruzar voltei a remada para o fundo. Acabei entrando no mar quase em Capão da Canoa (veja a ilustração ao lado). Peguei UMA onda e saí. Cheguei a ficar sentado na prancha, a deriva, esperando uma onda no inside para me levar para a areia. Voltei para meu carro andando. Ao voltar para casa me dei conta do pergigo que eu, surfista inexperiente nos mares do RS passei. Estas condições não existem em outras praias do Brasil onde surfei, Rio e SC. Me refiro a risco de morte em redes de pesca. Com um pouco de azar, eu poderia ter sido capturado por alguma rede de pesca e aí, sem comentários. Portanto, que esta postagem sirva para você que nunca surfou no RS ou que anda entrando em mares no RS como este que relatei. Mar com correnteza nas praias do RS são potencialmente mortais. Redes de pesca, regulares ou não, podem te prender e o pior pode acontecer. NÃO ENTRE EM MARES COM FORTES CORRENTEZAS LATERAIS NAS PRAIAS DO RIO GRANDE DO SUL. Bom surf, boas ondas e vida longa. Longe de redes de pesca.

6 comentários:

Anônimo disse...

Excelente matéria Neko.Desde o final da decada de 70 passo por situações e riscos semelhantes.Esta disputa entre pescadores e surfistas no RS esta muito longe de acabar, mesmo com os esforços realizados,abraço,Mauro.

Ana Sofia BRA305 disse...

POIS É...
...ESSE NEGÓCIO DE REDES DE PESCA E ESPORTES NÁUTICOS(MAIS PRECISAMENTE AQUELES QUE DEPENDEM DE PRANCHA...SURF, WINDSURF, KITE), NÃO COMBINAM!!
Olha aí!!No Lago Guaíba, pacato, sem correntezas fortes como as citadas pelo Neko, cansei de catapultar devido as redes de pesca mal sinalizadas.
A sensação de tocar os pés na rede enquanto se está voltando do mergulho (importante não largar o equipo pois o risco diminui consideravelmente), é mto desagradável.
Não sei bem como proceder para que seja exigida uma sinalização melhor...mas por enquanto fica o comentário a título de cuidarmos uns dos outros: velejar sempre buscando enxergar mais longe o possível...catapultar sem largar a retranca (pessoal do wind)...

Beijão a todos
Ana Sofia

Neko disse...

OK Mauro. Obrigado pela visita e pelo comentário. O mínimo que podemos fazer é alertar a ga;era do surf sobre o assunto. Ao menos salvamos a nossa pele e pegamos ondas quando estiverem em condições de segurança. Abraço, Neko.

Neko disse...

Valeu Ana Sofia! Por estarmos muito tempo na água tem gente que não se toca que passamos por situações de risco com estas redes. Difícil solução! Em qualquer das possibilidades, nós praticantes destes esportes temos que nos ajudar. Abraço e bons ventos, Neko.

mam disse...

é brabo. Por vezes pode-se ver redes amarradas nas boias do canal do Jangadeiros. Para quem vai passando a feitoria, na entrada para Pelotas e Rio Grande é comum ver redes bloqueando parte do canal. São umas diabas quando se enroscam.

Agora, surfar só quando não tem corrente por aqui, sem chance. São 2 dias por ano.
O ideal é ter o cuidado de entrar em áreas livres de obstáculos corrente acima. Assim, na caminhada até entrar no mar já dá pra ver se tem rede amarrada na praia, o que é mais comum. De quebra tem a vantagem de sair já na frente do carro e não ter que aguentar a caminhada com frio e molhado.
No teu caso é que não tinha como saber. Quando vou entrar junto às plataformas, costumo entrar rente aos pilares, no lado de baixo da corrente. É mais fácil de se manter, não tem o risco de ser jogado nos pilares e dá pra aproveitar a corrente de retorno. Daí é só surfar corrente abaixo até o carro.
Valeu o post,
Abraço,
Mário

Neko disse...

Ok Mario. O lance do surf é cercar as previsões para garantia de dia sem corrente. São mais que dois dias por. Pouco mais talvez. No windsurf o risco maior é danificar o equipamento ou se machcar na catapultada, ruim igual. Temos que ficar bem ligados no assunto e não contar apenas com sorte. Obrigado pela participação. Abraço, Neko.