11 de set. de 2008

Aperto

As vezes passamos dificuldades em nossas vidas e os outros nem percebem. Situações onde internamente estamos com a adrenalina a mil, riscos elevados, mas aparentemente tudo corre bem. No vôo livre de asa delta, é possível vivenciar momentos extremos que, com experiência, sorte e presença de espírito, tudo acaba bem. Neste vôo de asa delta, de 02 de fevereiro de 2007, o pior quase aconteceu. Assim que decolei, o zipper do meu cinto de vôo abriu... Fiquei com o meu peito exposto. Logo em seguida percebi que estava preso pelas presilhas do peito e das pernas. Relaxei e segui no vôo. Fui fazendo um ótimo vôo e alcancei o Monex que tinha ficado na frente da galera. Passando Montenegro (55 km de distância da decolagem de Sapiranga) o fecho do meu cinto de vôo que prendia minhas pernas abriu sozinho... Fiquei preso apenas pelo fecho do peito, que era de um modelo pequeno (veja na foto ao lado, tirada logo que pousei, como era a situação em que eu voava depois que abriu o fecho principal do meu cinto de vôo). Sustentei meu peso nos braços, apoaindo no speed bar e vi pelo variometro/GPS que tinha um final glide suficiente para chegar em um pouso conhecido aos 70 km de distância da decolagem. Em Tabaí. Se o fecho do meu peito abrisse, eu ficaria em situação muito crítica. Provavelmente a mercê da sorte, de um acidente sério. Se o pequeno fecho abrisse eu poderia ter ficado pendurado apenas pelos braços, sem comando da asa delta, podendo até cair da asa. Me concentrei e levei a asa até um pouso grande nos 70 km. Ao chegar perto do chão, descapotei e escorreguei no cinto ficando com as mãos altas, numa posição muito ruim para o stall final. Tinha vento. Numa corridinha ao colocar os pés no chão encerrei meu vôo com segurança. Coração na mão. Por alguns momentos pensei que podia cair da asa e ter um fim trágico. Não foi o que aconteceu. Experiências que só quem voa pode ter. OBRIGADO SENHOR!

2 comentários:

Romeo disse...

Impressionante o relato...
Que a mão do Senhor jamais te desampare.

Romeo

Neko disse...

Ok Romeo, obrigado pelo comentário. Mesmo tomando todos os cuidados, por vezes dependemos de qualidade nos equipamentos de segurança para um perfeito desempenho em situações mais críticas. Depender só da sorte é um jogo onde um dia se ganha, outro se perde. Tudo de bom e um abraço, Neko.