9 de abr. de 2009

O CASO PESCA E SURF (18)

Nesta parte do CASO PESCA E SURF, Ingo analiza a classe dos pescadores. Uma forma de entender como este conflito acontece, como é o perfil dos que lançam as redes que podem ser fatais para os surfistas.

9.2 A Pesca e o Perfil do Pescador Profissional Artesanal de Cidreira
Através da aplicação de um questionário e de entrevista com os Pescadores Profissionais Artesanais (PPA’s) do município de Cidreira foi traçado um perfil deles e sobre as atividades de pesca. Foram aplicados questionários a nove pescadores, sendo que muitos acabaram se transformando em entrevistas, pois eles se sentiam mais a vontade falando do que escrevendo. Para alguns pescadores foi necessário que nós mesmos preenchêssemos os formulários devido à dificuldade em ler e escrever. Os resultados destes questionários apontam o seguinte:

Tabela cinco: Identificação dos pescadores com o município. Ingo Kuerten, 2007.
A grande maioria dos pescadores vive no município há pelo menos, 15 anos, sendo que muitos vivem ali desde que nasceram.

Tabela seis: Tipos de pesca praticados pelos Pescadores Profissionais Artesanais de Cidreira. Fonte: Ingo Kuerten, 2007.
Nota-se através da tabela seis que a base da pesca artesanal no município de Cidreira está nas redes, com uma tendência cultural da pesca com redes de espera (66%) sendo que em seguida vem a prática da pesca com redes de Passeio (55%).

Tabela sete: Freqüência da pesca no município de Cidreira. Fonte: Ingo Kuerten, 2007.

Tabela oito: Rendimento mensal dos PPA’s em Salários Mínimos. Fonte: Ingo Kuerten, 2007.

Tabela nove: Número de familiares dos PPA’s. Fonte: Ingo Kuerten, 2007.
* Salário Mínimo Estadual para a pesca em Outubro de 2007 = R$ 430,20 conforme Lei Estadual
12.713 de 06 de junho de 2007. Analisando as tabelas sete, oito e nove, podemos fazer algumas considerações sobre os modos de vida dos PPA’s de Cidreira. Apesar da maioria (88%) pescar até cinco dias por semana, sua renda média não ultrapassa os R$ 900,00 (novecentos reais). Considerando que 88% deles possuem até três dependentes, podemos perceber assim a baixa produtividade da pesca para estes pescadores. Outros fatores também podem estar contribuindo para essa baixa remuneração, como o monopólio da pesca, identificado nesta pesquisa e apresentado mais adiante.

Tabela 10: Das fontes de renda dos PPA’s de Cidreira. Fonte: Ingo Kuerten, 2007.
Os 55% de pescadores que admitiram ter outra fonte de renda, classificaram estas atividades como “bicos”, trabalhos eventuais realizados principalmente durante o período de veraneio, como pequenos serviços de carpintaria, poda de árvores e jardinagem. Quando questionados sobre a viabilidade de não pescar com redes de cabos fixos durante os finais de semana e feriados, 77% dos pescadores entrevistados afirmaram ser inviável. Isso porque para colocar e retirar os cabos que mantém as redes fixas no mar é preciso pagar um valor em torno de R$ 60,00 (sessenta reais) a algum surfista da região ou nadador experiente sempre que necessário. Apesar disso, 100% dos entrevistados afirmou considerar fundamental a existência da área destinada para os surfistas no município.

2 comentários:

Turtle disse...

dai neko, infelizmente o site waves publicou a noticia relacionada com este post.
http://waves.terra.com.br/novo/layout4.asp?id=35826&sessao=44

abraço

Turtle

Neko disse...

Turtle, notícia triste, tragédia anunciada. É um absurdo isto continuar acontecendo. Temos que achar uma fórmula para reverter este quadro. Abraço, Neko.