31 de jan. de 2009

Onda trabalhada

Neste desenho Rick Griffin largou um alienzinho trabalhando uma direita da maneira que qualquer surfista gostaria. A sequência transmite aquela sensação gostosa de velocidade, segurança e surf no pé. Numa onda perfeita, base bem encaixada é só botar pra baixo e acelerar o brinquedo. Estes desenhos são sempre bons de ver e rever, ativam e mantém ligado o lado surf do nosso cérebro.

30 de jan. de 2009

O troféu do Slater é do Phil Roberts

Já vimos aqui no Top Wings um video da ASP com imagens da vitória do Kelly Slater em Pipeline 2008. Também foi postado aqui imagens em fotos tiradas pelo primo Renato Hickel da praia de Pipeline neste dia. É sabido que o mago Phil Roberts faz esculturas também além dos desenhos e pinturas mágicas de cenas de surf que temos visto bastante aqui no Top Wings. Pois repare que o troféu que o Slater levou na vitória em Pipe foi baseado numa escultura que o Phil Roberts já tinha feito. E a escultura do Phil que vemos ao lado (o troféu na mão do Kelly Slater) foi feita baseada numa pintura que ele mesmo fez (postada aqui no Top Wings com o título De pé lá dentro). É Pipeline populando a imaginação, criatividade e surf de uma galera!

29 de jan. de 2009

O CASO PESCA E SURF (8)

Dando continuidade no trabalho do Ingo Kuerten sobre O CASO PESCA E SURF, entramos agora numa parte bastante interessante para a galera do surf. São as características físicas da área de estudo deste trabalho. Alguma teoria sobre ondas, ventos e tudo o que envolve a natureza do surf. O Capitulo 7 do trabalho do Ingo será fragmentado em diversas postagens aqui no Top Wings pois o assunto é bastante extenso.

7 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DA ÁREA DE ESTUDO
Conhecer as características físicas e geomorfológicas, bem como a dinâmica do ambiente costeiro é fundamental quando se objetiva o gerenciamento desta região. O município de Cidreira, emancipado de Tramandaí em 1988, está localizado próximo ao meridiano de 50° W e ao paralelo de 30° S em relação à Linha do Equador e ao meridiano de Greenwich, distante aproximadamente 120km da capital do estado do Rio Grande do Sul. Tem como limites ao norte o município de Tramandaí, a leste o Oceano Atlântico, ao sul o município de Balneário Pinhal e a oeste os municípios de Osório e Capivari do Sul. A figura cinco mostra os limites do município (em vermelho), e pontos captados em campo e descarregados no Google Earth.
Figura 5: Localização do município de Cidreira, com coordenadas dos limites norte e sul e de pontos conhecidos junto à orla marítima através de imagem de satélite da ferramenta Google Earth captada e editada pelo autor, com sobreposição e ajuste espacial do layer de limite municipal IBGE 2000.
7.1 Parâmetros Geomorfológicos
Segundo Villwock (1984), as províncias geológicas formadas ao longo das margens continentais do tipo Atlântico consistem basicamente de uma planície costeira e de uma plataforma continental, limitadas por uma linha de costa efêmera e dominadas por ambientes continentais transicionais e marinhos. Ainda segundo aquele autor, suas características essenciais dependem da interação de três fatores: taxa de suprimento sedimentar, taxa de subsidência e variações do nível do mar. A Província Costeira do Rio Grande do Sul é composta por duas unidades geológicas principais, o Embasamento (fonte de sedimentos) e a Bacia de Pelotas. Conforme Villwock e Tomazelli (1995), a Bacia de Pelotas é uma bacia marginal aberta do tipo costeira estável, segmento meridional da margem continental sul brasileira. Sua origem está relacionada aos acontecimentos geotectônicos que culminaram com a abertura do Oceano Atlântico Sul (no período Jurássico) e que resultaram na ruptura do grande continente Gondwana e na separação dos continentes africano e americano. As feições geológico-geomorfológicas da seção superior da Bacia de Pelotas são a Planície Costeira e a Plataforma Continental. Para este estudo consideramos apenas a Planície Costeira, pois é neste ambiente que de fato encontramos os conflitos analisados nesta pesquisa.
7.1.1 A Planície Costeira
Segundo definição de GRUBER (2002), a Planície Costeira do Rio Grande do Sul corresponde a uma feição fisiográfica onde estão expostos os sedimentos da porção superficial da Bacia de Pelotas. Estes sedimentos foram depositados desde o terciário sob influência de oscilações glácio eustáticas do nível do mar e de acentuadas variações climáticas. Estas oscilações do nível do mar estão intimamente ligadas às alternâncias cíclicas de períodos frios e quentes que vêm ocorrendo sistematicamente desde os últimos 750.000 anos. Relacionam-se com mudanças axiais e orbitais do planeta: excentricidade da órbita (periodicidade de 96.000 anos), inclinação axial (periodicidade de 42.000 anos) e precessão dos equinócios (periodicidade de 21.000 anos), conhecidas como Ciclos de Milankovitch. Resultam em uma variação regular de aproximadamente 100.000 anos, quando as temperaturas caem gradativa e lentamente em direção ao período glacial, para depois subir rapidamente (aproximadamente 10.000 anos) até o máximo interglacial. O resultado dessas variações gerou uma planície constituída por um sistema de leques aluviais e lagunas barreira. Os Sistemas de Leques Aluviais estão correlacionados com a Planície Aluvial Interna e com os maciços cristalinos circunjacentes das terras altas. Iniciaram se a partir do Terciário e estão relacionados a um clima mais seco e frio em período de mar rebaixado (VILLWOCK et al, 1984). Durante o Pleistoceno houve o desenvolvimento de sistemas deposicionais do tipo barreira-laguna na borda leste da planície costeira. Associados aos eventos transgressivos e regressivos, pleistocenicos e holocênicos, formaram os Sistemas Tipo Barreira- Laguna I, II, III e IV, identificados por Villwock et al (1984). As barreiras I, II e III são pleistocênicas e a IV, ainda ativa, iniciou seu desenvolvimento no holoceno tardio (Figura seis). 
Figura 6: Perfil esquemático transversal dos sistemas deposicionais da Planície Costeira do Rio Grande do Sul, na latitude de Porto Alegre. As barreiras são correlacionadas aos últimos e maiores picos na curva isotópica de oxigênio por Tomazelli e Villwock (1999).
7.1.2 A Praia
HOEFFEL (1998) conceitua praia como uma acumulação de sedimentos inconsolidados os quais se estendem entre a zona mais próxima de quebra de ondas com o limite de lavagem de ação máxima de ondas de tempestade e de marés sobre o continente, esta última de importância secundária. As praias se estendem até uma forma que altera a fisiografia, tais como falésias e campos de dunas frontais. Segundo WRIGHT & SHORT (1984) existem modelos de variabilidade espacial de praias, que reconhecem seis estados morfológicos distintos, sendo dois extremos e quatro intermediários. Os extremos são:
1. Totalmente Dissipativo: caracterizado por uma declividade suave, uma granulometria fina, uma ampla zona de arrebentação, ocasionada pela presença de triplas barras onde as ondas dissipam a maior parte da energia antes de atingir o estirâncio e um grande estoque arenoso localizado na porção subaquosa.
2. Totalmente Reflectivos: caracterizado por uma declividade mais acentuada, uma granulometria mais grossa, uma zona de arrebentação mais estreita, onde grande parte da energia das ondas incidentes é refletida e o estoque arenoso se concentra na porção subaérea (TOLDO JR et al, 1993) & (SILVA, 1998). 
Figura 7: Característica dos perfis praiais dissipativos e reflectivos. Os eixos X correspondem às distancias e os eixos Y correspondem às profundidades (TOLDO JR, 1993). Tratando-se do Rio Grande do Sul, mais especificamente do Litoral Norte vários pesquisadores classificaram a faixa de praia como essencialmente no estado morfodinâmico dissipativo e intermediário e, eventualmente, reflectivo (WESCHENFELDER et al, 1997). 

Na próxima semana, conforme comentado no início desta postagem, seguimos acompanhando as características físicas da área de estudo, agora veremos as variáveis climáticas.

28 de jan. de 2009

Papagaio de pirata

Quando um fotógrafo ou cinegrafista aparece para fazer uma cena, por vezes aparecem junto com eles os "papagaios de piratas". São aqueles "sem noção" que ficam se movimentando atrás da cena principal, para aparecerem de qualquer maneira na imagem. Geralmente são uns malas. Olha esse aí. O fotógrafo querendo pegar cenas de surf e o papagaio de pirata querendo aparecer... Ridículo... Roubou a cena...

Idade do Condor

Chega uma fase na nossa vida que se chama a idade do Condor. Para os mais ativos, os que praticam esportes de maior impacto no corpo, essa idade pode vir mais cedo. Condor pode ser confundido com dor... Joelhos, coluna, ombros, pescoço, todas as partes do nosso corpo podem doer depois de radicalizar em alguma manobra. Os que estão na idade do Condor, podem sentir estas dores sem precisar estar num momento tão radical assim. Na foto, eu, Condor no meu ombro direito (que por sinal passou por uma cirurgia a 6 meses atrás) e Condor no meu ombro esquerdo. Mas, fazer o que? Tem também a idade do Lobo, idade Sex (sexsagenário), etc... Nos resta só continuar a entrar na água e dar porradas em lips, cada vez com mais maturidade! Urrú!

27 de jan. de 2009

Pedro Husadel na Califórnia

Pedro Husadel, filho do David Husadel, vai passar uns meses na Califórnia. Surfando e estudando. Pedro e David são meus primos. O Davizinho surfou comigo nos tempos de competição. Somos da mesma geração do surf. Já o Pedro é um novo nome no esporte que vem arrepiando as ondas e se tornando conhecido. É do time de competição das pranchas Tropical Brasil. Sua ida para Califórnia virou notícia na Internet neste link. Abaixo reprodução do texto:
Intercâmbio do surf – Pedro Husadel na Califórnia (13/01/2009). O jovem surfista catarinense Pedro Husadel já esta na Califórnia. Ele chegou aos Estados Unidos no último dia 9 de janeiro, a viagem tem um tempo estimado de dez meses. A viagem tem com objetivo aprimorar o conhecimento, o inglês e claro o surf nos fundos de pedra. Como base o surfista esta hospedado na casa de uma família, onde tem total acompanhamento, assistência e suporte para a realização da trip. A cidade que o atleta escolheu para ficar hospedado não poderia ter sido melhor, San Clemente região da famosa onda de Trestles. Para a viagem, Pedrinho colocou na bagagem um quiver afiado de quatro pranchas (5”11 – 6” – 6”1), tudo isso para que nunca fique na mão na hora do surf no dia a dia. Na viagem ele ainda conta com o apoio da Tropical Brasil, Nigiri, Vibe e Alma Pilates. Com apenas dois dias de estada na região, ele relatou a nossa equipe em conversa via MSN, que já pode surfar dois dias em Trestles. - Nos dias que surfei lá as ondas estavam pequenas, mas já deu para fazer um reconhecimento das ondas de Trestles, disse Pedrinho. Na próxima edição dos vídeos do Projeto Free Sessions a galera vai poder conferir uma session exclusiva do surfista no Hawaii, tudo filmagens da temporada 08. Por: Artur Dobairrol. Fonte: Dobairrol Surf - agência de notícias.

26 de jan. de 2009

Shilo

A figura ao lado, de óculos, pronta para decolar de asa delta é a Shilo. Shilo é a cadelinha da família do meu brou americano que mora e faz vôos incríveis de asa delta na Califórnia, o Dan D. O Dan voa solo numa asa rígida e duplo com a família. Ashley, sua filha, curte o vôo duplo com o Dan de vez em quando. Já vimos uma postagem com a Ashley em ação aqui no Top Wings. Por sinal, neste vôo da Ashley, a Shilo estava lá também. Na real não era um vôo duplo e sim um vôo triplo. Agora o Dan e seu pessoal estão em pleno inverno. Certamente com a chegada do verão novas imagens e notícias virão do hemisfério norte para nós. As fotos ao lado foram tiradas no outono deles.






25 de jan. de 2009

Crowd

Já vimos qui no Top Wings, na postagem Marzinho sopa, o efeito de muita gente junto, ao mesmo tempo, dentro da água. É o chamado CROWD. O crowd acontece em todos os lugares. É o excesso de gente fazendo a mesma coisa no mesmo lugar. Passando-se da capacidade aceitável para a prática de qualquer atividade. Pode-se chegar ao extremo de inviabilizar a prática da atividade. Uma meia dúzia de sortudos, guerreiros, fominhas ou extremamente fissurados podem acabar pegando uma ou outra onda. A foto ao lado foi uma contribuição do meu primo Paulinho. Altas ondas, mas com essa quantidade de surfistas o mar acaba ficando ruim... Crowd impraticável.

Férias

Nada melhor do que não ter compromissos de trabalho por um tempo. Poder acordar na hora que quizer (pode ser bem cedo mesmo), analisar as condições meteorológicas do dia e escolher: surf ou windsurf? Nestas férias rip de surf e windsurf. Família treinando junto na parceria. Boas ondas, bons ventos, boa companhia, boa comida, bom clima. Obrigado Senhor!

24 de jan. de 2009

Velha

Tem uns caras, fora do rip, que parecem umas velhas surfando... Vivem caindo da prancha. Ao se levantar, numa manobra, TODA HORA! Olha uma ao lado.

Está escrito na pedra II

No vale Dharan, no baixo Himalaia, um sábio monge encontrou inscrições em uma pedra. Os dizeres datavam de algo próximo a MMD A.C. Nas inscrições, já judiadas pelo tempo, com alguma dificuldade é possivel ler a sábia frase, lema de algumas civilizações que vieram depois. Lá consta: "Se tiverem boas ondas no mar, vai para a água e te concentra!". O autor é desconhecido, mas o monge que trouxe este achado para nós, aparece na foto ao lado em plena meditação, pondo em prática seu milenar aprendizado. O nome dele é Rasga Fohrt Nulip. Véio brou que ainda agita a área. Como ele mesmo diz em seu dialeto natal numa voz rouca: "UUrrúúú!".

23 de jan. de 2009

Natureza

Precisamos dela para tudo. Principalmente para nos divertir. Patrick Parker sabe disso.

Ehlas no ar

Já está no ar a edição 6 da Ehlas. Como sempre uma revista muito bem feita com alto nível de imagens e matérias. Imagens tipo a do lado, Natalie Martins numa foto do Rick Werneck. São Ehlas literalmente no ar!

22 de jan. de 2009

O CASO PESCA E SURF (7)

6 OS CONFLITOS LEGAIS ENTRE PESCA X SURF NO RS
Apesar da existência de programas e projetos criados em nível federal com a finalidade de disciplinar a ocupação da orla marítima, a maioria dos planos e programas possui uma limitação grave: A falta de legislação específica sobre a delimitação por usos do mar.
6.1 A Legislação Federal
A inexistência de legislação federal para disciplinar as atividades de pesca na faixa marinha da orla é hoje o grande entrave para estados e municípios disciplinarem o seu uso. O arcabouço normativo federal existente até a atualidade não prevê o zoneamento da orla marítima nacional em função de usos. A Lei Federal de Incentivo a Pesca (Decreto Lei 221/1967) é anterior ao primeiro acidente com morte registrado no Rio Grande do sul envolvendo pessoas e redes de pesca (o primeiro registro de afogamentos de banhista em rede de pesca data do ano de 1983). Ocorreram, ao todo, 45 mortes de banhistas em redes de pesca (FGS, 2007). Apesar disso, de toda a divulgação deste tipo de conflito, da criação de documentários (Caiu da Rede é Gente - Gabba Filmes, 2007) e filmes (A Última Onda, 2005) não existiu uma sensibilização do poder legislativo federal no sentido de um aperfeiçoamento normativo para disciplinar os usos da orla marítima.
6.2 A Legislação Estadual
O poder legislativo do Rio Grande do Sul, impulsionado pelos seguidos protestos de familiares e amigos de vítimas de afogamentos em redes de pesca, vem tentando ao longo dos anos, disciplinar o uso da orla marítima do estado. Em 1988, após o registro de sete mortes de surfistas em redes de pesca, foi sancionada a primeira lei estadual de disciplinamento dos usos da orla marítima e fluvial para a pesca com redes e a criação obrigatória de área para recreação e lazer. De autoria do deputado estadual Sanchotene Felice, a lei nº. 8.676, de 14 de julho de 1988, determinava a obrigatoriedade da delimitação de áreas para lazer e esportes náuticos em todos os municípios com orla marítima, lacustre ou fluvial. Segue sua redação:
Art. 1° - Os municípios do Estado do Rio Grande do Sul banhados por mar, lagoas ou rios, que comportem praias ou áreas de lazer, ficam obrigados, no prazo de 90 dias, a demarcar os locais destinados à pesca profissional ou amadora, aos desportos de diferente natureza, a recreação e ao lazer em geral”.
Art. 2° - A demarcação será feita através de balizas, placas e dizeres visíveis e permanentes, cabendo ao poder público municipal, em colaboração com os órgãos estaduais competentes, estabelecer normas para a utilização dos locais delimitados, darlhes ampla publicidade, fiscalizar a sua observância, fixar e aplicar sanções.”

É interessante notar que esta lei foi publicada no mesmo ano de lançamento do Programa Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC 1). Além disso, seguia uma mesma tendência apontada no PNGC, de permitir e incentivar que os municípios costeiros sejam responsáveis pelas delimitações bem como das fiscalizações da orla. Algumas falhas são encontradas nesta primeira legislação, sendo que muitas existem até hoje. É visível que ao criar essa lei não foram considerados os aspectos da dinâmica costeira do estado. Não existe na redação da referida lei parâmetros de dimensões para demarcação destas áreas tanto para pesca como para lazer e esportes. Além disso, também não fica definido qual órgão será responsável pela fiscalização das áreas demarcadas seja por parte dos municípios ou estadual. Em uma tentativa de aperfeiçoamento, é sancionada a lei estadual 11.886 de 02 de Janeiro de 2003. Nesta lei são definidas as dimensões mínimas para cada área, sendo de 400m de extensão por atividade. As áreas para lazer e desportos aquáticos devem ser demarcadas nas áreas centrais dos municípios, dando preferência para as áreas mais urbanizadas de cada município. Após isso, o governo estadual sentiu a necessidade de conhecer os pescadores que atuavam na orla gaúcha com redes, até para poder fiscalizar melhor este tipo de atividade. Para tanto, sancionou em 22 de dezembro de 2003 a lei estadual 12.050 que dispõe sobre a demarcação das áreas de lazer e pesca, sua observância, fiscalização e sanções, conforme os artigos transcritos a seguir:
Art. 1º - A demarcação prevista pela Lei nº 8.676, de 14 de julho de 1988, dos locais de pesca profissional ou amadora, de desportos de diferente natureza, de recreação ou lazer em geral, nas orla marítima, lacustre ou fluvial, far-se-á mediante placas visíveis, com dizeres claros, afixadas nas áreas de circulação junto às praias, obedecendo a modelos padronizados, em todas as regiões do Estado.
Art. 2º - Os pescadores profissionais que atuam nas áreas mencionadas nesta Lei, deverão portar carteira de identificação, com numeração própria, endereço, filiação e tipo sangüíneo, fornecida pela respectiva associação.
Art. 3º - No equipamento de pesca profissional que permanecer na orla, sem a presença de seu usuário, deverá ser afixada etiqueta legível com o nome, o número da carteira de identificação e o endereço do proprietário”. (MP-RS, 2007).
Nota-se que ainda não se tem noção de quais as sanções e quem fará a fiscalização das áreas delimitadas para cada atividade. Estas questões são tratadas no Decreto nº 42.868, de 03 de fevereiro de 2004. Nele é criada a competência da brigada militar para a fiscalização das áreas delimitadas em cada município e as sanções aplicáveis aos infratores que desrespeitarem as delimitações. Por fim, o Decreto Estadual nº 43.375, de 06 de outubro de 2004, no aperfeiçoamento da legislação estadual, dispõe sobre a padronização das placas de sinalização de áreas de lazer e pesca na orla marítima gaúcha. O grande problema encontrado no Rio Grande do Sul em relação a isso é que as águas jurisdicionais brasileiras são de responsabilidade da União, cabendo à marinha do Brasil sua fiscalização e gestão, conforme afirma a própria Marinha do Brasil:
“A Marinha do Brasil tem a responsabilidade de implementar e fiscalizar o cumprimento das leis e regulamentos, no mar e nas águas interiores, e pela salvaguarda da vida humana no mar, nas áreas sob sua responsabilidade” (BRASIL, 2007).
Apesar disso, como não existe na legislação federal normalização ou delimitação para pesca desembarcada com uso de redes na orla marítima, a delimitação de áreas por usos, criada pelos municípios, é freqüentemente desrespeitada e a fiscalização ineficaz, visto que legalmente nenhuma infração esteja ocorrendo, ninguém pode ser punido. Veiculada no Jornal Zero Hora de 16 de maio de 2007, a condenação do município de Cidreira a pagar uma indenização de 70.000 reais pela morte da surfista Graziela Alegretti. Ela se afogou em uma rede de pesca enquanto surfava nas águas do Balneário Salinas em 2000, e o processo aberto por sua família contra a prefeitura de Cidreira ainda gera controvérsias. Isso porque uma pessoa da comissão de avaliação do processo votou a favor do município, pois entende que mesmo com legislações estaduais e municipais, ainda é da União a competência e responsabilidade pela gestão das praias marítimas. Desta forma estão sendo desconsideradas as normas que permitem aos estados e municípios aplicarem medidas restritivas para o uso da orla marítima, dispostos no PNGC II (1998) e no Projeto Orla (2006). O Decreto Estadual 45.409 de 20 de dezembro de 2007, como última lei estadual sobre o tema, institui o Programa Surf Legal, numa tentativa de proporcionar segurança aos praticantes de esportes náuticos. Ironicamente buscando uma gestão integral do ambiente, nenhum representante de entidades de pesca do estado faz parte do comitê executivo do programa.
6.3 A Legislação Municipal
No que tange a legislação municipal para delimitação de áreas por uso no município de Cidreira, temos as seguintes leis: Lei Municipal n°023/89. Instituiu a primeira demarcação de áreas para pesca e surf no município de Cidreira antes da emancipação de Balneário Pinhal. Através desta lei foram demarcadas áreas de surf para o município de Cidreira, balneário Pinhal e Balneário Magistério. A área destinada para Surf no município de Cidreira ficava entre a Avenida “H” e a Rua União, com extensão de aproximadamente 3.900m. Lei Municipal n°1071/02. Alterou a LM 023/89, instituindo nova demarcação das áreas para pesca e surf no município de Cidreira. Através desta, a área destinada para surf no município foi remarcada entre a Avenida União e a Rua Calábria, com extensão de 1,55km, conforme figura quatro.
Figura 4: Mapa de delimitação das áreas de surf segundo Legislação Municipal. Fonte de dados: IBGE 2000, e GoDigital, 2008. Produção Ingo Kuerten, 2008. É Intrigante que, mesmo com a continuidade das mortes de surfistas no município, a área destinada para surf tenha sido diminuída pelo poder municipal. Enquanto a Lei 023/89 criava uma área de surf com extensão de aproximadamente 3900 metros, no ano de 2002 essa área foi diminuída para 1550 metros.
Na sequência deste trabalho, no próximo capítulo, Ingo detalhou as características físicas da área de estudos. Semana que vem aqui no Top Wings.

21 de jan. de 2009

35 anos depois

Nesse ano farei 35 anos de surf. Fico muito satisfeito de poder pegar umas marolas ainda. Quase parei de surfar, fiquei anos afastado do esporte e agora estou retomando aos poucos. É algo de muito bom para a saúde tanto física (exige bastante do corpo) e mental. Me sinto como se estivesse reaprendendo as manobras e tenho alguns planos para o futuro. Já acertei algumas porradas rejuvenescedoras em lips. Neste clip abaixo, parte de uma onda que peguei em Florianópolis no dia 06/01/2009 onde a Neyda (minha esposa) filmou com nossa camara digital de onde ela estava. Ficou meio longe, meio cortado mas tá lá a onda! Este dia estava bom para meu nível de surf. Ondas pequenas, direitas abrindo numa vala, mar fácil de entrar, água quente. Obrigado Senhor!

20 de jan. de 2009

Sempre tem algo bom nas coisas

Nos últimos dias o mar andou "flat" em Florianópolis. As ondas que rolavam eram verdadeiras marolas. Microondas na berinha. Nas praias do lado leste da Ilha, água gelada. Mas o sol estava lá, temperatura agradável, verão. E olha a foto que o pessoal do ONDAS DO SUL colocou ontem para ilustrar a Praia Mole. Pintura.

19 de jan. de 2009

Parceria

Todo o pai se sente bem quando se diverte com um filho. Se o pai é surfista, geralmente sente vontade que seus filhos também sejam. A pressão para que o filho seja aquilo que o pai quer, por outro lado, pode gerar efeito contrário. O excesso de responsabilidades sobre a criança, pode gerar um stress e uma aversão aquilo que se quer impor a força. Com meu irmão, o Paulo, 3 anos mais moço que eu foi assim. Eu era adolescente sem muita técnica para ensinar pessoas. Entramos num mar pequeno na Barra da Lagoa em Florianópolis e eu fui forçando ele (ele tinha uns 12 anos de idade) para ir para o fundo. O Paulo já ficava em pé na prancha e entrava no corte. Pois neste dia tomou uma série na cabeça (1/2 metro servido), se assustou e nunca mais quiz saber de surf. Daniel, meu filho hoje com 19 anos, ensaiou uns banhos de mar com prancha até seus 12 anos e não se animou. Surf não é sua praia. Já a Luiza, minha outra filha hoje com 11 anos, vem se interessando pelo assunto. No verão passado ficou em pé numa prancha de surf pela primeira vez (prancha emprestada pelo meu primo Paulinho). Ela ganhou a sua este ano (uma Arquivo 6' 4" by Guga Arruda) e brincando na espuma ensaiou algumas levantadas. Ainda não entra no outside na remada mas passa horas na beirinha, espuma atrás de espuma, se levantando na sua prancha em 80% das ondas. Gosta de brincar com pranchas de bodyboard com suas amigas pois nenhuma delas tem prancha de surf. Nos dias de mar bem calmo, vamos juntos para o surf. Mostro para ela para que lado está a correnteza e o vento. Aonde estão as "bocas" e os locais mais seguros para ela brincar. Fico no outiside e ela fica ali brincando com sua prancha. Se ela vai seguir com o surf, ninguém sabe. Se quizer, parceria e equipamento não vão faltar!

18 de jan. de 2009

Children wanna fly

Toda criança sonha em voar. Claro que umas tem mais medo que outras. Algumas vão realmente voar no futuro. Foi este o meu caso. Continuo tentando algum tipo de vôo com pranchas de surf e windsurf. Mas na minha época de vôo de asa delta, fiz alguns vôos mais longos e altos como este do video abaixo.

17 de jan. de 2009

Estilo

Cada um tem a sua forma de se posicionar sobre uma prancha de surf. É o que chamamos de "estilo". Uns ficam meio "duros", outros mais "fluidos". O estilo é instintivo. Os que levam mais jeito para o negócio geralmente tem um estilo mais bonito de surfar. Pamela Neswald fez esta pintuta de surf onde retrata uma figura, meio diferente, numa posição "estilosa" sobre uma onda.

16 de jan. de 2009

Aviso de Regata

Inauguração escola windsul Campeonato de Windsurf e demonstração de Kitesurf

Modalidade: windsurf slalom

Categorias: Estreantes e Aberta

Data: 17 e 18 janeiro de 2009

Local: Praia da Barrinha - São Lourenço do Sul em frente a WINDSUL

Realização:Windsul

Apoio: Prowind - Prefeitura Municipal de São Lourenço

Supervisão: AGWK, PROWIND

Inscrições: R$ 25,00 ( com direito a camiseta do evento, churrasco)

Troféus para todas as categorias até o 5 lugar

Programação:

16 de janeiro, Sexta
9:00 - Abertura da Raia para treinos.

17 de janeiro, sabado
9:00 - Abertura da Raia.
19:00 - Encerramento da Raia.
20:00 - churrasco de confraternização

18 de janeiro, domingo
9:00 - Abertura da Raia.
19:00 - Encerramento da Raia.
20:00 - Divulgação de resultados e entrega de premios

Serão realizadas demonstrações de kitesurfe, e informaões sobre o esporte nos dias do campeonato


Regras:
-Percurso: em 8 com duas voltas (slalom)
- Serão realizadas no Maximo 7 regatas no dia
- cinco regatas realizadas (1 descartes)
- sete regatas realizadas (02 descartes)


Hospedagens e informações:
Fones:
0 xx 55 9146 4838 - Golias
0 xx 53 9133 5399 Kadinho


Localize-se:

15 de jan. de 2009

O CASO PESCA E SURF (6)

Nesta parte do trabalho O CASO PESCA E SURF, uma explanação dos métodos utilizados para os levantamentos de campo que trouxeram informações importantes e surpreendentes.

5 METODOLOGIA
Para entender como se dão os conflitos entre surfistas e pescadores no litoral norte do Rio Grande do Sul, partimos da idéia que eles são fruto de uma série de fatores distintos, balizados pelo uso e ocupação do solo na zona costeira. Por isso, entendemos que seja necessária uma visão holística sobre o ambiente costeiro para o entendimento dos problemas. Assim, buscamos estudar os conflitos em nível políticoinstitucional, legal, sócio-econômico e da dinâmica litorânea, partindo de uma escala de análise regional (Rio Grande do Sul, Litoral Norte) para depois focarmos nos problemas locais (Município de Cidreira).
Os procedimentos para estas análises foram os seguintes:
• Revisão bibliográfica conceitual, levantamento de dados secundários, legislação existente e busca por propostas metodológicas adequadas ao trabalho proposto;
• Coleta de dados em campo;
• Aplicação de questionários, entrevistas, levantamentos de dados qualitativos e quantitativos acerca do tema (estudo e compreensão dos conflitos);
• Análise em gabinete dos dados levantados, cruzamento dos dados e produção do mapa síntese do uso e ocupação atuais da orla;
• Discussão e apresentação da nova proposta de zoneamento;
5.1 Revisão Bibliográfica e Levantamento de Dados Secundários
A falta de estudos científicos que abordem os conflitos entre surfistas e pescadores constituiu-se no maior desafio para o desenvolvimento deste trabalho. Após algumas discussões com colegas que desenvolveram trabalhos na Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca – SEAP, do Governo Federal, pesquisadores do CECO/UFRGS, representantes da Federação Gaúcha de Surf – FGS e com pescadores e surfistas, foi traçada uma estratégia de pesquisa: Considerar os fatores morfodinâmicos responsáveis pela dinâmica Costeira (tipos de ondas, perfil de praia, corrente de deriva), as questões político/institucionais (programas de gerenciamento costeiro), legais (legislação incidente) e sócio-econômicas envolvidas nos conflitos. Para estas análises foi realizada uma revisão dos estudos já apresentados sobre a área – Litoral Norte e Orla Marítima de Cidreira – com base nas dinâmicas anteriormente citadas. Já no capítulo introdutório é feita uma discussão de termos e conceitos utilizados no decorrer deste trabalho, como as definições de Zona Costeira e de Orla Marítima, baseadas na conceituação do PNGC II (1998) e do Projeto Orla (2006), respectivamente. Além das definições conceituais, é feito um resgate da ocupação da zona costeira, partindo de uma tendência mais abrangente (ocupação da zona costeira brasileira) até chegarmos ao nível local (Litoral Norte e município de Cidreira). Apresentamos também alguns exemplos de impactos encontrados na zona costeira e na orla marítima em virtude dos processos de apropriação e uso do solo.
5.1.1 Nível Político-Institucional Para analisarmos os conflitos em nível político-institucional, fizemos um levantamento dos programas e projetos governamentais desenvolvidos para fins de gerenciamento costeiro e da orla marítima. Foram analisados o Programa Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC) e seu resultante no estado do Rio Grande do sul (GERCO-RS) coordenado pela SEMA/FEPAM-RS e o Projeto Orla (ORLA - MMA/SPU, 2006). Também são utilizados estudos desenvolvidos pelos pesquisadores do Instituto de Geociências - UFRGS, Depto. De Oceanografia (FURG) além de órgãos auxiliares como o Instituto de Pesquisas Hidráulias IPH – UFRGS e o Instituto do Milênio – RECOSRS, melhor detalhados no capítulo 2 deste trabalho.
5.1.2 Análise da Legislação
Para uma análise sob o ponto de vista legal, foram pesquisadas na legislação federal, estadual e municipal as medidas já tomadas no sentido de disciplinar e gerir os usos da orla marítima. É discutido no capítulo 3, o Decreto Lei (DL) Federal de Incentivo a Pesca – DL 221/1967; e as leis e decretos estaduais: Lei 8.676/88, primeira tentativa de disciplinamento dos usos do mar no estado; Lei 11.886/03; Lei 12.050/03; DL 42.868/04; DL 43.375/04 e o DL 45.409/07 Em cima dessa legislação é feita uma discussão sobre as competências legais para gestão e fiscalização da orla marítima.
5.1.3 Ambiente Físico e a Dinâmica Litorânea
Para analisar o ambiente físico e a dinâmica litorânea da área de estudo, é feita uma compartimentação segundo o parâmetro avaliado. Em cada parâmetro são utilizados dados de trabalhos desenvolvidos na ou próximos à área de estudo. Assim, este capítulo (capítulo 6) foi dividido em estudos de Parâmetros Geomorfológicos, Variáveis Climáticas e Dinâmica Costeira.
• Parâmetros Geomorfológicos
Subdivididos em um detalhamento da planície costeira e do perfil praial do estado do Rio Grande do Sul, são apresentados a partir da revisão bibliográfica sobre os estudos de: Villwock et al (1984) e Villwock (1994), Wright & Short (1984), Toldo JR et al, (1993), Dillenburg (1996), Weschenfelder et al (1997), Villwock e Tomazelli (1995) e Hoeffel (1998).
• Variáveis Climáticas e Ventos
Estas variáveis são apresentadas com base nos parâmetros regionais, visto a falta de estudos sobre microclima e regime de ventos locais. Dessa forma, são considerados os tipos climáticos apontados por Köppen (1918), Geiger & Pohl (1953) sitados por Strahler (1978) e Strahler & Strahler (1994) e Nimer (1977). Não foram encontrados registros de medições do regime de ventos para o município de Cidreira. Utilizamos as medições descritas por Tomazelli (1995) e também uma caracterização microclimática mais específica do município de Imbé decrita por Nicolodi (1999), devido à proximidade com a área de estudo (aproximadamente 60km Norte) .
• A Dinâmica Costeira
Levantada através da caracterização da dinâmica proposta nos estudos de Alvarez et al (1981;1983), Villwock (1984), Wright & Short (1984), Toldo JR et al, 1993), Tomazelli (1993;1994), Villwock e Tomazelli (1995), Tozzi (1999), Gruber (2002), Nicolodi e Toldo JR. (2003).
5.1.4 Dados Tabulares e Cartográficos
O levantamento de dados secundários contemplou a busca por dados tabulares e cartográficos que permitissem analisar espacialmente a área de estudo. Utilizamos como base cartográfica para a pesquisa os mapas digitais de limites Federal, Estadual e Municipal, em formato shape produzidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Também foram utilizados o mapa de abrangência da área do programa GERCO-FEPAM e o mapa de Caracterização dos municípios do Litoral Norte de Fujimoto et al (2005). Dados sócio-econômicos foram pesquisados através do Censo 2000 – IBGE, Atlas Sócio-Econômico do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – ONU, Fundação de Economia e Estatística do estado do Rio Grande do Sul (FEE-RS) e dados compilados pela Fundação de Apoio aos Municípios do Rio Grande do Sul - FAMURS. Foi utilizado o mapa de arruamentos do município de Cidreira da empresa Digibase como referência para alguns levantamentos secundários, como identificação e localização de ruas sitadas nas leis municipais de delimitação da orla marítima de Cidreira, especificadas no capítulo referente à legislação.
5.2 Levantamento de Dados Primários
Foi levantado em campo, o uso e ocupação atuais da orla marítima do município, a quantidade e disposição dos cabos e redes de pesca, bem como a localização e extensão das áreas destinadas atualmente para esportes e para pesca no município. Este levantamento foi realizado com auxílio de GPS Garmin, com precisão de 4 metros. Para melhores detalhamentos foram feitos registros fotográficos da ocupação da orla, dos materiais de sinalização visual de delimitação de áreas, do material de pesca e demais cenários que fossem relevantes para esta pesquisa. A análise sócio-econômica se deu especificamente sobre o município de Cidreira, área definida nesta pesquisa como estudo de caso. Para isto, foram aplicados 2 tipos de questionários, destinados a pescadores e a surfistas, além de entrevistas com estes atores locais, além de veranistas (surfistas de fim-de-semana, não residentes) colhidas aleatoriamente, na beira da praia. Pretendíamos ter entrevistado algum representante do poder público municipal, porém não obtivemos resposta a nenhuma das diversas tentativas de contato que fizemos desde agosto de 2007. As entrevistas e questionários, além dos levantamentos de uso e ocupação atuais da orla marítima do município foram produzidos através de levantamento em campo durante os dias 20 e 21 de outubro de 2007.
5.3 Operacionalização dos Processos Metodológicos
5.3.1 As etapas de campo
Para o levantamento de dados em campo, foi utilizado um aparelho GPS Garmin, com precisão estática de 4 metros, máquina fotográfica digital e uma imagem de satélite captada na ferramenta Google Earth. Sobre esta imagem foi inserida a informação do limite municipal fornecido gratuitamente no endereço eletrônico do IBGE, através de técnicas de geoprocessamento com uso da ferramenta ARCGIS. A fotocópia desta figura foi fundamental para localização espacial em campo. O Google Earth é um programa com versão de livre acesso disponibilizada via web que contém a representação espacial do planeta terra através da mosaicagem de diversas imagens de satélite de alta resolução. As imagens contidas nesta ferramenta possuem localização espacial por coordenadas geográficas, Projeção e Sistema de Coordenadas conhecidos, configurando-se em ambiente georreferenciado.
5.3.1.1 Levantamento de Uso e Ocupação da Orla
Durante o dia 20 de outubro de 2007, os levantamentos tiveram como objetivo a observação do cenário onde se dão os conflitos. Foram levantadas a extensão atual das áreas delimitadas para lazer e pesca, localização espacial dos cabos e redes e diferenciação dos trechos da orla segundo a sua ocupação. A identificação dos diversos trechos, bem como dos cabos de redes e pontos de interesse foi registrado com GPS Garmin. Apesar de os pontos de controle terem sido captados de forma estática (operador parado), o receptor não indicou uma imprecisão (erro) menor do que 3 metros em alguns pontos. O erro máximo em captação de coordenadas de pontos de controle no terreno não ultrapassou também os 5 metros. Porém, como esta pesquisa não necessita de uma precisão submétrica para o tipo de levantamentos propostos, esta margem de imprecisão é aceitável. Salientamos que, no caso de um levantamento com fins de demarcação oficial de espaços, o tipo de levantamento de campo para captação de pontos e formulação de um mapa deve ser feito com aparelhos que ofereçam maior precisão, como GPS diferencial ou estações totais. Após a identificação em campo dos limites das áreas demarcadas para cada atividade, foi realizada a captação das coordenadas geográficas de cada ponto no receptor GPS. Uma prancheta de campo foi utilizada em auxílio aos levantamentos para registrar as diversas características levantadas em cada parada, tais como:
• Tipo de orla
• Presença do campo de dunas frontais
• Com ou sem ocupação humana
• Tipo predominante de ocupação (2ª residência, residências de ocupação permanente, sub-moradias). Durante o levantamento dos materiais de pesca e delimitação das áreas por usos no município, foram contempladas as variáveis:
• Presença de sinalização indicativa de áreas
• Tipo de sinalização (material, altura, tamanho)
Quanto aos materiais de pesca, foram levantadas:
• Presença de sinalização de material de pesca e identificação do pescador responsável
• Tipo de sinalização (altura, placa indicativa, etc).
Os registros fotográficos foram realizados com câmera digital Kodak com resolução de 3.2 megapixels. Foram fotografados os tipos de demarcações, materiais de pesca, exemplos de ocupação da orla e atividades de pesca e surf. Os pontos captados através do Aparelho GPS foram inseridos na ferramenta ARCGIS, sobre o mapa de limites municipais do IBGE. Através da criação de um banco de dados agregado foram inseridas as informações referentes ao tipo de orla em função da ocupação, ao número de cabos e redes, contabilizados em ordem crescente no sentido nordeste – sudoeste da orla municipal e ao tamanho da área destinada para surf e para pesca no município. A utilização da ferramenta Google Earth foi de vital importância para a classificação dos tipos de orla, pois através de suas imagens de alta resolução pudemos identificar o padrão das construções nos variados trechos da orla. Dessa forma foram gerados os mapas de uso e ocupação da orla marítima municipal, e o mapa com as delimitações da área de surf segundo as leis municipais 023/1989 e 1071/2002. Neste mesmo ambiente foi possível criar uma nova proposta de zoneamento da orla marítima municipal.
5.3.1.2 Aplicação de Questionários e Entrevistas
A produção de entrevistas e aplicação de questionários com pescadores e surfistas foi realizada durante o domingo, 21 de outubro de 2007. O roteiro deste segundo levantamento de campo consistiu na busca por pescadores e surfistas, na faixa de praia, que se dispusessem a falar sobre o tema e preencher os questionários. A entrevista com pescadores não buscou discutir o tema objeto desta pesquisa em si. Esta medida deu-se pelo fato de ser necessário discutir mais o modo de vida destes, para tentar entender a dinâmica da pesca no município, deixando para o final das entrevistas os questionamentos quanto aos usos e conflitos na orla. Foi utilizado um roteiro de entrevista desenvolvido em forma de questionário (apêndice 1). Através deste questionário pretende-se inferir:
a) Identificação e localização espacial destes pescadores: (Nome, endereço, etc.) e sua identidade com o município.
b) O(s) tipo(s) de pesca que pratica, a freqüência e se possui local fixo onde costuma pescar.
c) Se possui outra fonte de renda, qual o lucro médio mensal obtido com as atividades de pesca, o número de membros da família e;
d) Sua percepção quanto à delimitação por usos da orla marítima no município.
As perguntas contidas no questionário foram seguidas como roteiro de conversa e, após a entrevista, transcritas para análise. Foi aplicado um total de 9 (nove) questionários aos pescadores locais. O pequeno número de entrevistados deu-se pelo fato de que os pescadores preferem muito mais conversar a responder perguntas, sendo que cada conversa com estes pescadores durava pelo menos 30 minutos ao passo que os surfistas respondiam ao questionário mais rapidamente. Muitas vezes os pescadores respondiam verbalmente as perguntas e suas respostas eram transcritas pelo entrevistador, devido a sua dificuldade em escrever. Outras vezes a dificuldade consistia em responder aos questionamentos, sendo necessário explicar no que consistia cada pergunta. Os resultados das análises feitas através da aplicação dos questionários e dos levantamentos dos dados sócio-econômicos e sócio-demográficos serão agrupados em tabelas e representados em histogramas produzidos na ferramenta Microsoft Excel, e anexados ao capitulo referente à pesca. As entrevistas com surfistas, realizadas também no domingo, seguiram a mesma metodologia de abordagem aplicada aos pescadores, com aplicação de questionário específico (Apêndice 2) e algumas entrevistas gravadas com representantes da classe no município, transcritas posteriormente para análise dos dados. A escolha do domingo para entrevistar surfistas e pescadores partiu do pressuposto que este dia seria o mais propício da semana para aplicação dos questionários devido à maior procura do litoral por surfistas de final de semana. Além da entrevista com representante da Associação de Surf de Cidreira, a prospecção de surfistas para aplicação dos questionários se deu em dois pontos distintos da orla. O ponto mais ao centro junto à área demarcada para surf no município, conhecido como Calçadão de Cidreira e a Plataforma de Pesca de Salinas, localizada mais ao norte da orla do município. A escolha destes pontos se deu porque estes lugares são muito procurados por praticantes de esportes náuticos nos finais de semana, configurando-se em tradicionais pontos de encontro desta classe. Através dos dados obtidos com estas entrevistas e questionários, buscou-se inferir:
a) O grau de relacionamento e identificação dos surfistas com o município;
b) A freqüência com que visitam o município;
c) O gasto médio por pessoa para a visita e a utilização da infra-estrutura de serviços oferecida pelo município aos turistas;
d) As percepções acerca dos conflitos resultantes dos diferentes usos da orla marítima do município;
E a seguir, no Capítulo 6 do trabalho do Ingo, os conflitos LEGAIS entre a pesca e o surf no RS. Semana que vem tem mais!

14 de jan. de 2009

Bode

Os seres humanos, assim como os outros animais, acordam, comem, fazem atividades físicas e dormem. Já o mar, a natureza, apesar de escurecer durante a noite, continua a tranformar energias como as ondas do mar, vento, etc. Então, durante parte de nosso dia, podemos aproveitar estas energias da natureza. Só que chega uma hora que cansamos. Temos que parar para recuperar nossas energias. Mas lá no mar, a coisa toda continua. Então, entre um bode e outro (a galera do desenho do John Severson ao lado está no meio do maior bode...), lá estamos nós, com nossa pequena participação, arrebentando ondas ou rasgando ventos singelamente... Somos muito pequenos e insignificantes perto de tudo o que nos cerca.

13 de jan. de 2009

Água limpa

Depois de entrar em vário dias seguidos em mares com água bem limpa, fica mais difícil aceitar locais com águas poluídas. O que acontece as vezes é o contrário. Por ficar exposto tanto tempo a situações de poluição, por vezes podemos até achar aquilo tudo normal e não nos darmos conta do mal que aquele ambiente pode nos fazer. O contato com a natureza na prática do surf é uma das melhores partes dele. Tomara que a foto ao lado continue sendo apenas uma idéia de publicidade para nossa concientização sobre o assunto. Nada a ver com surf de verdade.

12 de jan. de 2009

Caranga do Tiúba

Quando se fala em arte no mundo do surf, claro que temos no Brasil nossos artistas. É o caso do Tiúba. Sente a foto dessa caranga preparada para uma surf trip.

11 de jan. de 2009

Five Summer Stories

Para quem tem um pouco mais de tempo de surf, este cartaz ao lado, obra do ilustre Rick Griffin, não é estranho. É a propaganda do filme Five Summer Stories. Filme da época que skate e surf ainda eram bem parecidos. A galera dos dois esportes ainda era praticamente a mesma.

10 de jan. de 2009

Apoio pscicológico

Quando estamos aprendendo alguma modalidade de esporte, um apoio moral sempre ajuda. Seja no dia do primeiro vôo de asa delta, na primaira entrada no mar com ondas num windsurf ou mesmo no primeiro dia de surf. Para o Albatroz do filme abaixo, não foi diferente. Tubarões dando aquele apoio no dia do primeiro vôo. Não quer voar? Fica para o lanche!

9 de jan. de 2009

Lagoa da Conceição

E o típico vento nordeste do verão batendo ponto nos últimos dias a tarde. Fui agora com equipamento de windsurf conhecer a raia da Lagoa da Conceição em Florianópolis. Paraíso do windsurf slalom! O vento deu uma apertada lá pelas 15:00h (uns 15-20 knots) e tive que sair para regular minha vela 7.3 que ficou meio em "over". Uma galera presente praticando windsurf e kitesurf. Alguns barcos a vela, lanchas, caiaques. Muitos turistas brasileiros e estrangeiros alugando equipamentos e fazendo cursos de windsurf e kitesurf. A falta de onda nas praias da Ilha dão aquela forcinha a mais para o velejo clássico da tarde (Foto: Neyda)

Floater

Essa foto aí deve ter uns 30 anos de idade... Sou eu num projeto de floater numa marola da Barra da Tijuca no Rio. A prancha eu não me lembro a marca... Só me lembro que era wing swallow e que tinha uma borda meio faca. Boa nas ondas cavadas.

8 de jan. de 2009

Com o vento

Ontem mais um dia de velejo clássico. Praia de Ingleses em Florianópolis/SC. Vento liso de nordeste por volta dos 15 knots. Algumas ondas dificultando um pouco a saída com equipamento slalom (vela 7.3). Passei uma roubadinha em alguns momentos, mas depois da tudo ajustado foi só planar pulando umas ondinhas na orçada e descer outras na arribada. (Foto Neyda).

O CASO PESCA E SURF (5)

Na quinta postagem aqui do Top Wings desta série, vamos aos objetivos do trabalho do Ingo e as justificativas.

3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Discutir os conflitos entre pescadores e surfistas do Município de Cidreira, litoral norte do Rio Grande do Sul, analisando o Zoneamento de Uso da Orla proposto pelo Município, a fim de propor um novo zoneamento da orla marítima de Cidreira com base nos critérios de classificação de: tipos de ocupação da orla marítima (Nicolodi, 1999 & ORLA/MMA-SPU, 2006); velocidade média da corrente de deriva litorânea das praias do litoral norte do RS (Alvarez et al.,1983 & Toldo Jr. et al.,1993) e resultados do levantamento de campo.
3.2 Objetivos Específicos
3.2.1 Apresentar um resgate histórico da ocupação do litoral norte do Estado do Rio Grande do Sul e do município de Cidreira;
3.2.2 Analisar a caracterização sócio-econômica do município de Cidreira com base na classificação dos municípios do Litoral Norte, proposta por Fujimoto (2005) e por Strohaecker (2006);
3.2.2 Levantamento e análise da legislação sobre ordenamento dos usos da orla marítima em escala federal, estadual e municipal;
3.2.3 Desenvolver um mapa de uso e ocupação da orla marítima no município de Cidreira, com o zoneamento atual da orla e a espacialização dos cabos de redes;
3.2.5 Traçar um perfil dos pescadores e surfistas do município de Cidreira, de acordo com os resultados de entrevistas e questionários aplicados no levantamento de campo;
3.2.6 Desenvolver mapa com novo zoneamento da orla marítima, com base nas características de ocupação e nos parâmetros morfodinâmicos da orla marítima do município de Cidreira.

4 JUSTIFICATIVA
A rápida ocupação da zona costeira do estado, tendo grande impulso a partir da década de 1970 até os dias de hoje, vêm causando diversos problemas ambientais e sócio-econômicos, principalmente na região do Litoral Norte do Rio Grande do Sul. A falta de critérios para ocupação do ambiente costeiro, a pressão antrópica sobre o meio físico e a disputa por espaços próximos a orla têm causado preocupação nas entidades governamentais, no meio acadêmico e na sociedade como um todo. Em função disso, diversos estudos tem sido feitos como “Impactos das Ressacas na costa Gaúcha” (NICOLODI, 1999), Plano de Manejo de Dunas Frontais, Zoneamento Ecológico Econômico (FEPAM), e ‘Diretrizes para o Desenvolvimento dos Municípios do Litoral Norte’ (STROHAECKER, 2006) entre outros. Diversos outros problemas ainda são encontrados e carecem de estudos mais detalhados para uma efetiva ação de prevenção e/ou correção. Um destes problemas são os conflitos entre surfistas e pescadores. De um lado encontram-se comunidades tradicionais e seu modo de subsistência, explorando o mar na busca pelo seu sustento. De outro uma comunidade de esportistas que representa em grande parte a urbanização do litoral norte gaúcho, bem como a maior parcela de turistas principalmente fora da temporada de verão. Desde o ano de 1983 que surfistas morrem enrolados em redes de pesca no estado sem que providências efetivas sejam tomadas. A falta de um regramento com parâmetros claros, definição de competências na gestão e fiscalização da orla marítima e o crescimento dos balneários contribuem para potencializar estes conflitos. Essa falta de ordenamento é responsável pela vergonhosa marca de 45 surfistas mortos por afogamento, enrolados em cabos e redes de pesca no litoral do Rio Grande do Sul, desde o ano de 1983 até o presente. Dentre os municípios que criaram áreas específicas para pesca e surf, muitos não levaram em conta os fatores morfodinâmicos dos ambientes costeiros. Só através do conhecimento deles se pode determinar a dimensão necessária para que estes espaços sejam seguros. Até junho de 2007 apenas Torres, Capão da Canoa, Xangrilá, Atlântida, Imbé e Tramandaí possuíam áreas consideradas “seguras” para o lazer e a prática de esportes náuticos no litoral norte. Porém, como não existe legislação federal para ordenamento dos usos da orla marítima, todas estas demarcações funcionam como “acordo de cavalheiros”. Nada impede que um pescador coloque uma rede de pesca no meio de uma área destinada para esportes. Legalmente, ele não está cometendo nenhuma infração ou crime. O crescimento urbano que vem ocorrendo nos municípios do litoral norte pode ocasionar o aumento no número de acidentes envolvendo surfistas e redes, considerando que este crescimento possa acarretar um maior número de surfistas disputando o mesmo espaço com outros surfistas e com redes de pesca. O papel deste trabalho é justamente apresentar uma proposta de zoneamento da orla marítima para os municípios do litoral norte, considerando sua ocupação e a morfodinâmica do ambiente praial, definindo assim parâmetros de segurança para a prática de esportes náuticos. Para isso, é feito um estudo de caso no município de Cidreira, local com grande ocorrência de mortes de surfistas em redes de pesca no litoral Norte do Rio Grande do Sul. Neste estudo são considerados o perfil da ocupação do município, a morfodinâmica da praia e as considerações feitas por pescadores e surfistas que moram ou freqüentam o município.
Na próxima postagem sobre O CASO PESCA E SURF, a metodologia adotada para o aprofundamento neste estudo. Fique ligado.

7 de jan. de 2009

Marzinho sopa

Um mar sopa é quando está fácil de entrar, ondas abrindo e água quente? Ou seria quando tem mais gente na água do que letrinhas num prato de sopa de verdade? Na foto um típico crowd, sopa de gente...

6 de jan. de 2009

Mais do que mil palavras

É o que vale uma imagem... (foto: Joaquin Mallmann)

5 de jan. de 2009

Desenho clássico

Não lembra uma imagem de surf clássica para uma estampa de uma camiseta? Esse desenho é do mago Rick Griffin.

4 de jan. de 2009

Mar para todos

As vezes o mar pode não estar para peixe. Mas pode estar para você, eu, quem quiser aproveitá-lo. Na foto, surf, windsurf e kitesurf ao mesmo tempo no mesmo mar. Se seguirmos algumas regras básicas de respeito, todos podemos usufruir das mesmas coisas. O que não deve acontecer e estarmos ao mesmo tempo no mesmo lugar. Um "circuito", uma "área", uma "série" , um "intervalo de tempo", podem separar modalidades de esportes diferentes sem que um passa por cima do outro e todos possam se divertir. E claro, um "crowd" sem excessos...

3 de jan. de 2009

Luiza

Essa á a Luiza! Minha filha de 11 anos brincando com sua pranchinha de surf Arquivo 6' 4". Sente o estilão. Tirei a foto na praia de Ingleses em Florianópolis/SC em 29/12/08. A Luiza entra na beirinha, fica ali brincando no espumeiro e já está ficando em pé na maioria das ondas. O próximo passo, sem pressão, é entrar na onda na remada.

2 de jan. de 2009

Surfando um foguete

Prancha utilizada pelo campeão mundial. Aquela mais bem shapada da loja. Feita para você pelo melhor shaper sob encomenda. Na cor que você acha mais legal. Isso não é uma prancha, é um foguete! Uma prancha bem feita, que surfa praticamente sozinha se assemelha a um míssel, um bólido, um foguete. Isto acontece também com outros tipos de brinquedos tais como pranchas, velas de windsurf ou mesmo uma asa delta último modelo. Mas então lá está você, pilotando um foguete!

1 de jan. de 2009

O CASO PESCA E SURF (4)

Acabou 2008. Iniciemos 2009 relembrando o assunto da pesca e surf com mais uma parte do trabalho do Ingo. Ficamos uma semana sem postagens sobre o assunto e aqui estamos novamento tocando no ponto. E na sequência destas postagens aqui no Top Wings, vamos para O CASO PESCA E SURF (4) onde será visto ORDENAMENTO TERRITORIAL NA ZONA COSTEIRA.

2 ORDENAMENTO TERRITORIAL NA ZONA COSTEIRA
2.1 Breve Histórico do Gerenciamento Costeiro. Para Strohaecker (2007), gerenciamento costeiro se refere a “todo programa governamental que vise normatizar o uso do ambiente ou de um ecossistema costeiro”. Os programas de gerenciamento costeiro tiveram início por volta de 1970, numa resposta à ameaça de esgotamento dos recursos nãorenováveis da zona costeira pela ocupação desordenada, apontados pela comunidade científica mundial. O primeiro destes programas foi lançado pelo governo norte americano em 1972, com The Coastal Zone Management Act que foi disseminado por diversos países entre 1970 e 1980, como base para um Gerenciamento Integrado da Zona Costeira (GIZC). Porém, com o tempo esta metodologia base foi se mostrando deficiente frente à heterogeneidade de ambientes encontrados nos diversos países que o adotaram. A variedade de cenários, de culturas, de sociedades, a alteração dos tipos de costa, mostrou a necessidade de metodologias e programas que estejam alinhados com as necessidades e realidades de cada território. Este fato impulsionou os países a criarem seus próprios programas de gerenciamento costeiro.
2.2 Programas Nacionais para o Gerenciamento Costeiro. O Brasil apresenta uma posição de destaque e liderança na América do Sul frente à Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI/UNESCO), parte integrante da Organização das Nações Unidas (ONU), organismo que regula as questões legais e científicas referentes ao mar e Zona Costeira, a nível mundial. (GRUBER, BARBOZA e NICOLODI, 2003). A preocupação com os ambientes costeiros no Brasil remonta os anos de 1960, sendo que na década seguinte são lançadas as primeiras diretrizes para uma tentativa de gerenciamento deste ambiente, através da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), criada em 1974. O objetivo maior da CIRM era “implementar um programa de Zoneamento da Zona Costeira a ser implementado pelos órgãos de meio ambiente estaduais” (GRUBER, BARBOZA e NICOLODI, 2003). Nesse período são criados alguns dos mais importantes programas para reconhecimento da costa e da plataforma continental brasileira (Programa de Geologia e Geofísica Marinha – PGGM; Projeto GEOMAR; Programa Antártico Brasileiro – PROANTAR e Recursos Vivos da Zona Econômica Exclusiva – REVIZEE, entre outros). Em 1987 a CIRM lança o Programa Nacional de Gerenciamento Costeiro (PROGERCO), que detalhava a metodologia de zoneamento a ser empreendida e o modelo institucional para a sua aplicação (STROHAECKER, 2007). Em 1988 é lançado, através da Lei Federal 7661/88, o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC1) que visava ordenar a ocupação dos espaços litorâneos e o uso sustentável dos recursos costeiros. Este período foi marcado pela experimentação e aprimoramento de técnicas para o zoneamento devido à diversidade e complexidade de ambientes somada a pequena experiência com este tipo de abordagem. Assim, após alguns anos a Resolução n° 05, de 3 de Dezembro de 1997, instituiu o segundo Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC II), que busca adequar o PNGC a sua prática atual e as novas demandas da sociedade, reafirmando seu modelo institucional anterior, caracterizado por uma execução descentralizada e compartilhada entre os níveis de governo (Federal, Estadual e Municipal). Desta forma, o PNGC II instituiu diversos organismos para a descentralização da gestão dos ambientes costeiros, entendendo que os estados e municípios podem melhor gerenciar suas demandas e entender as complexidades da sua diversidade. Para tanto, foram instituídos através do PNGC II: O Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro – PEGC; O Plano Municipal de Gerenciamento Costeiro – PMGC; e diversos outros mecanismos de apoio ao gerenciamento, como o Sistema de Informações do Gerenciamento Costeiro – SIGERCO, Sistema de Monitoramento Ambiental da Zona Costeira – SMA-ZC, o Relatório de Qualidade Ambiental da Zona Costeira – RQA entre outros. Além do PNGC II, foi lançado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), em conjunto com a Secretaria do Patrimônio da União (SPU/MP) o Projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima - Projeto Orla que tem como diretrizes: Fortalecimento da capacidade de atuação e articulação de diferentes atores do setor público e privado na gestão integrada da orla, aperfeiçoando o arcabouço normativo para o ordenamento de uso e ocupação desse espaço; Desenvolvimento de mecanismos de participação e controle social para sua gestão integrada; Valorização de ações inovadoras de gestão voltadas ao uso sustentável dos recursos naturais e da ocupação dos espaços litorâneos. (MMA/SPU – 2006). O Projeto Orla avança mais na complexidade da Zona Costeira apresentando subsídios para o disciplinamento da Orla Marítima, pois entende que este espaço constitui a sua sustentação natural e econômica. Estabelecendo uma conceituação e arranjos políticos institucionais e legais para que os municípios possam melhor gerenciar os usos e conflitos, inova ao levar à sociedade a oportunidade de discutir e resolver os próprios problemas. O Projeto Orla é constituído por 6 capítulos, entre fundamentos e manuais: Fundamentos para Gestão Integrada; Manual de Gestão; Subsídios para um Projeto de Gestão; Guia de Implementação do Projeto Orla; Implementação em território com Urbanização Consolidada, e Manual de Regularização Fundiária em Terras da União. (ORLA - MMA/SPU, 2006). Apresenta um guia completo de abordagem litorânea nestes 6 livros, permitindo aos gestores municipais em conjunto com a sociedade civil o ordenamento do ambiente litorâneo de forma descentralizada e simples, obtendo grande desenvolvimento e aceitação. Já foi utilizado como ferramenta de gestão em diversos municípios brasileiros, como em Bombinhas, Santa Catarina, e na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O Projeto Uso e Apropriação dos Recursos Costeiros – RECOS do Instituto do Milênio vem contribuir com o gerenciamento costeiro, inserindo o conceito de networking, buscando um intercâmbio de experiências, informações, metodologias entre redes de pesquisadores/instituições. Espera-se com isso gerar uma rede de cooperação pra disseminação do conhecimento sobre o gerenciamento costeiro de norte a sul do país, consolidando o conhecimento e fortalecendo a gestão deste ambiente. Dentre os estudos realizados pelo projeto RECOS no Rio Grande do Sul, destaca-se o artigo “Uso e Ocupação Costeira no Litoral Norte do Rio Grande do Sul” (Fujimoto, 2005), que faz uma relação entre o uso e ocupação do solo e as derivações ambientais geradas por este processo nos municípios do litoral norte do estado.
2.3 Gerenciamento Costeiro no Rio Grande do Sul. No estado do Rio Grande do Sul o Programa de Gerenciamento Costeiro (GERCO-RS) foi instituído em 1988 e ficou a cargo da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM) e, desde 1999, está sob competência da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA). O Programa de Gerenciamento Costeiro tem sua atuação desenvolvida numa área específica inserida na Região Hidrográfica do Litoral onde se verificam peculiaridades de geomorfologia, drenagens naturais e influência marinha, dividindo-se em três setores: Litoral Norte, Litoral Médio e Litoral Sul, conforme figura três (FEPAM, 2007).
Figura 3: Área de Abrangência do GERCO/RS, disponível em
http://www.fepam.rs.gov.br/ (FEPAM 2007). O GERCO/RS, através de estudos desenvolvidos em parceria com instituições de ensino, vem desenvolvendo uma série de pesquisas acerca das dinâmicas sócio-ambientais e da caracterização físicoespacial da zona costeira, com ênfase no Litoral Norte. Os resultados destas pesquisas e levantamentos podem ser vistos através de sua publicação no acervo digital do órgão. Entre os principais estudos destacam-se o Zoneamento Ecológico Econômico, a proposta de Enquadramento dos Recursos Hídricos e o estudo “Diretrizes Ambientais para o Desenvolvimento dos Municípios do Litoral Norte” (RIO GRANDE DO SUL, 2000a). As propostas de Zoneamento Ecológico Econômico e de Enquadramento dos Recursos Hídricos foram realizadas por grupos de pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Para a proposta final de ZEE do litoral norte foram consideradas as expectativas da comunidade local que foi ouvida entre 1997 e 1998 em 9 reuniões realizadas nos municípios (GRUBER, BARBOZA e NICOLODI, 2003). A evolução dos estudos do GERCO/RS aponta para a importância dos municípios como legítimos responsáveis pela gestão dos ambientes onde se inserem, conforme o documento “Diretrizes Ambientais para o Desenvolvimento dos Municípios do Litoral Norte”: “...este volume enfatiza a importância e a responsabilidade dos governos municipais na proteção do meio ambiente. ... Este trabalho vem apoiar a capacitação dos municípios e dos Comitês de Bacias Hidrográficas para que se transformem em gestores ambientais mais efetivos e para que possamos estruturar o Sistema Estadual de Proteção Ambiental de forma descentralizada, participativa e com maior capacidade de implementar as políticas de meio ambiente no Estado...” (RIO GRANDE DO SUL, 2000). Atualmente, está em andamento o projeto “Fortalecimento do Gerenciamento Costeiro do Litoral Norte” que integra o GERCO/RS e é vinculado ao Sub Componente Desenvolvimento Institucional do Programa Nacional do Meio Ambiente II - PNMA II, do MMA, com financiamento do Banco Mundial – BIRD/MMA e do Estado do Rio Grande do Sul (GRUBER, BARBOZA e NICOLODI, 2003). Este projeto tem como objetivo fortalecer os processos de gestão da zona costeira no litoral norte, desenvolvendo estudos que permitam aperfeiçoar o desenvolvimento sustentável, o ordenamento do uso do solo e diminuir os conflitos de interesse em áreas estratégicas. Dentre os estudos já publicados encontram-se, entre outros: Retratos e paisagens: quadro sócio-cultural das populações que ocupam a região do Litoral Norte do Rio Grande do Sul: relatório final / Lúcia Helena Alves Muller; Referenciamento do estudo sobre a conservação da biodiversidade no entorno do Sistema Lagunar – Estuarino – Tramandaí – Armazém / Fundação Estadual de Proteção Ambiental – FEPAM-RS; Lílian M. W. Ferraro, João Luiz Nicolodi. Porto Alegre, 2002. 1v. il. Além disso, foi oferecido pela SEMA/FEPAM através do GERCO/RS um “Curso de Capacitação em Planos Diretores – Municipalização das Diretrizes do ZEE” no ano de 2003/2004 para que gestores municipais e sociedade civil pudessem desenvolver seus planos diretores municipais. Segundo entrevista concedida em 2007 pela coordenadora do GERCO/RS, Cláudia Pereira Laydner, poucos gestores permitiram o deslocamento de servidores para participarem das oficinas e cursos de capacitação, alegando falta de verba e até mesmo de pessoal. Outro problema identificado por ela é o curto período de gestão pública nos municípios: “...o curso de capacitação dura 2 anos. Após mais 2 anos acontecem eleições municipais e troca todo o governo. Assim, temos que começar novamente a capacitação, e os projetos não têm continuidade, prejudicando todo o programa.” afirmou Cláudia. O GERCO/RS é considerado como um dos mais evoluídos dentre os outros estados participantes do GERCO/PNGC II. Apesar disso, estamos longe de ver solucionados os principais problemas que identificamos ao longo do litoral norte, principalmente por falta de legislação específica e por mecanismos de gerenciamento e manejo da ZC. No final de 2007 o Estado do Rio Grande do Sul, por intermédio de sua Secretaria de Turismo, lança o projeto Surf Legal, em parceria com Brigada Militar, Ministério Público, CECO/UFRGS, Federação Gaúcha de Surf e demais entidades. Sua finalidade é criar um grupo executivo de estudos para tentar encontrar uma solução definitiva para os conflitos entre pescadores e surfistas no Estado. Ainda não se tem notícia de ações desenvolvidas em função deste projeto, talvez por não estar ainda consolidado em virtude de ter sido criado há tão pouco tempo.

No próximo capítulo deste trabalho, propostas para novo zoneamento para a Zona Costeira de Cidreira baseadas nos levantamentos e medições que o Ingo fez na região. Semana que vem aqui no Top Wings.